Luciana Chinaglia Quintão, presidente da ONG Banco de Alimentos, participa de reportagem do portal ECOA / UOL, que debate a questão da data de validade dos alimentos. A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) propõe uma nova abordagem em relação ao conceito de data de validade para alimentos não perecíveis, sugerindo que a data permaneça na embalagem, mas indicando que o consumo deve ocorrer preferencialmente — e não obrigatoriamente — até aquele dia. Isso porque, segundo a Abia, o fim do prazo não significa necessariamente que o alimento não possa mais ser consumido.
Para Luciana, a medida é positiva: “Acho que permitir que os produtos ainda sejam vendidos e gerem lucro é um fator que também conta para a proposta, mas, antes de tudo, é sobre não jogar fora alimentos que ainda estão dentro de uma qualidade nutricional. E eles são tratados como lixo, quando não são. Poucas indústrias ainda doam os seus alimentos como deveriam, quando passam do prazo de validade. A maioria apenas descarta. Então, tudo isso faz parte de uma tomada de consciência muito necessária para a época que a gente vive”.
Luciana destaca que “é muito importante indústrias e comércio doarem a maior quantidade possível de alimentos. Algo doado de uma data próxima ao ‘best before’ (‘de preferência antes de’), é muito digno. Não vejo como apenas uma forma de ‘dar comida vencida aos pobres`”.
Luciana alerta, porém, para a necessidade de certos cuidados: “É preciso ficar claro para quais produtos essa medida se aplica e definir o prazo possível de comercialização passada a data ‘best before’. Mas o malefício será se esperarem até não ser mais possível doar em tempo hábil para consumo e a comida acabar indo parar no lixo de qualquer maneira.”